Modelo de Gestão Educativa
Leni de Souza Barros
Para definirmos um determinado modelo de gestão educativa precisamos,
primeiro, ter plenamente esclarecido o que é uma instituição educativa.
A instituição educativa surgiu a partir de uma
necessidade do ser humano que, vivendo em sociedade, percebeu-se quão
importante eram desenvolver os conhecimentos formais, quanto os conhecimentos
informais que são transmitidos pela família, cultura, costumes e o que se obtém
através da convivência social. É na instituição educativa que se promove, em
grande parte, a investigação, a dialética, os estudos científicos, além de
organizar e transmitir os conhecimentos de geração a geração. Sem as
instituições educativas o mundo seria mais frio, calculista, com seres mais
individualistas, egoístas, solitários, desorganizados e, podendo até, chegar ao
caos.
Como instituição educativa, entendo que é um lugar
onde fomenta o ensino e a aprendizagem, a busca e a construção do conhecimento,
a socialização e interação entre os indivíduos, o desenvolvimento cognitivo,
social e psicológico do ser humano, culminando em contribuir para formar uma
sociedade mais justa, com cidadãos críticos e pensantes, promovendo a igualdade
social, a inclusão, a conscientização e a evolução do ser humano enquanto ser
biológico, psicológico, social, apropriando-se cada vez mais das tecnologias à
partir das descobertas oriundas da curiosidade e do aprender a fazer.
Na atualidade vemos que é de extrema relevância a
manutenção e criação de instituições educativas devido ao grande crescimento
populacional, o que exige e impera mais organização, mais conscientização, para
vivermos em comunhão na sociedade. Não importa se a instituição educativa é de
ordem religiosa, governamental, organização não governamental (ONG) ou privada,
todas contribuem para uma evolução de pensamentos e ações que contribuirão para
o progresso, compreensão da vida e descobertas de novas tecnologias.
Uma instituição educativa precisa ser administrada não
como uma organização comum, pois seu papel é trabalhar com seres humanos, numa
transformação contínua de pensares e fazeres que interferem na vida do
indivíduo e da sociedade. Assim, o administrador tem que ser também, um gestor,
para que não perca o foco da ação educativa e de promoção do conhecimento que
se incumbe a instituição.
A seguir, veremos algumas concepções de autores sobre
a administração escolar e gestão educativa.
O autor José Carlos Libâneo (2001) concebe a administração escolar de
duas maneiras: a primeira, com enfoque científico-racional onde a organização
escolar é tomada como uma realidade objetiva, neutra, técnica, que funciona
racionalmente, fruto de um positivismo na revolução industrial; portanto, pode
ser planejada, organizada, controlada, manipulada, diretiva e excludente. Este
é o modelo mais comum onde adotam o organograma, a hierarquia de funções e é
visível a centralização das tomadas de decisões. Geralmente, a ordem vem de
cima para baixo, e quem está embaixo tem que obedecer.
A segunda maneira com que concebe a administração escolar é aquela que
agrega pessoas, ou seja, deixa prevalecer a interação sócio-política. Neste
sentido há uma participação ativa de pais, professores, alunos, docentes,
discentes e comunidade, numa ação crítica e reflexiva que viabiliza uma gestão
democrática na instituição. Portanto, mais humana, exploratória, utilizando de
todas as potencialidades e capacidades dos envolvidos na instituição para que
todos possam participar ativamente do processo educacional.
Já para Lucia Martínez Aguirre (2012), administração educativa e
gestão educativa não são sinônimos. A primeira, tem enfoque financeiro e de
serviços, tem como função planificar, desenhar, implementar um sistema
eficiente e eficaz para alcançar o objetivo final do ensino-aprendizagem e tem
como finalidade responsabilizar-se pelos resultados do sistema. Enquanto o
segundo, a gestão educativa, faz prevalecer a união, o gerenciamento
participativo, com um único objetivo “a educação”. Para a autora, a administração educativa utiliza um conjunto de
recursos orientados para alcançar metas, para concluir tarefas num todo
organizacional, metódico e calculista. Neste sentido, verifica-se uma forma
burocratizada, objetiva e com foco organizacional o que me parece afastar-se do
ponto de vista pedagógico que deve ter uma instituição educativa. No entanto,
uma instituição educativa bem administrada tem como potencial um crescimento
rápido e sólido devido à seriedade que lhe é empregada. A administração
educativa, neste caso, não se envolve nas questões pedagógicas educacionais,
mas sim com a contabilidade, consumo, material de subsistência, patrimonial,
predial e viabilidade de negócios.
Todavia, não menos importante, é a gestão educativa
que compreende a capacidade de administrar, gerir, gerenciar e coordenar
pedagogicamente programas, projetos, pessoas (com diferentes ideias, projetos,
desejos, expectativas), valorizando o indivíduo, não perdendo de vista o foco
ensino-aprendizagem, a missão e a visão institucional. Percebe-se que a gestão
educativa abrange todo o funcionamento da instituição e toda a administração
dos pólos que mantém o funcionamento global que é uma instituição educativa.
Visa a educação, a instituição, o ser humano, as questões financeiras, o
patrimônio, mas sempre se levando em conta a participatividade, o
companheirismo, a lealdade, a ética, a parceria, a amizade, a função da
educação.
Fazendo uma analogia, a instituição educativa é como
um corpo humano onde cada órgão necessita de outro para o seu pleno
desenvolvimento, onde um não funciona sem o outro. Assim é a instituição
educativa, necessita ser administrada (friamente), mas também, gerenciada de
forma mais humana e criativa, revendo todas as possibilidades, probabilidades,
analisando diariamente suas visões e missões para que todo o grupo possa estar
envolvido em seu sucesso. É necessário
que o administrador conheça as formas de pensamento e ação de seus
subordinados, em decorrência das dimensões culturais que formam a sua
personalidade enquanto pessoas e profissionais.
Um bom gestor de uma instituição educativa deve ser
alguém que possua características como liderança, coordenação, visão holística,
desinibido, estratégico, organização, cultura, criativo, capacidade de relação
interpessoal e social, habilidade em administrar seus sentimentos e emoções a
favor de seus projetos, ser ético e com consciência moral, prezando pela
justiça e visando um bem maior que é o de fazer prevalecer a harmonia e o pleno
curso das atividades em andamento na instituição.
Para Lück (2009), ao diretor escolar compete adotar
uma orientação voltada para o desempenho das competências desse trabalho. Para
ela o primeiro passo é ter uma visão abrangente do seu trabalho e do conjunto
de competências necessárias para o pleno desempenho de suas atividades. O
profissional da gestão escolar precisa definir uma lista específica de
competências para poder avaliar diariamente o seu desempenho, como uma estratégia
de automonitoramento e avaliação.
As competências que a autora se refere são de organização que dizem respeito a todas aquelas que tenham por objetivo a qualificação, a
delegação, a administração financeira, controle e a retroalimentação do
trabalho a ser realizado. Enquanto que as competências de implementação são aquelas desempenhadas com a finalidade
de promover, diretamente, mudanças e transformações no contexto escolar e
envolvem a gestão democrática e participativa, a gestão de pessoas, a gestão
pedagógica, a gestão administrativa, a gestão da cultura escolar e a gestão do
cotidiano escolar, com foco direto na promoção da aprendizagem e formação dos
alunos, com qualidade social.
De acordo com o Centro Lasallista de Formación (2012) a
gestão educativa é dividida em dimensões: dimensão administrativa financeira,
organizativa operacional, comunitária, de convivência e dimensão sistêmica. O
que demonstra o quanto engloba a especificidade do trabalho do gestor
educativo. Há uma visão holística da realidade, ou seja, percebe a realidade como
uma totalidade de integração entre o todo e as partes, mas compreendendo
diferentemente a dinâmica e os processos dessa integração.
Concluímos que um bom administrador deve ser um bom
gestor, assim como o gestor deve ser um bom administrador da instituição
educativa, pois as duas funções se integram para que haja um bom
desenvolvimento das atividades dentro de uma instituição educativa, visando,
principalmente, o ser humano com todas as suas diferenças e qualificações
específicas e individualidades que caracterizam o ser como único.
Como doutorandos, concebo está análise de extrema
relevância para que nosso futuro seja pautado em ações que privilegiem a ética
e a moral, o ser humano, como pessoa, e em sociedade, fazendo da gestão educativa
um modo de transformar realidades para um bem comum.
Bibliografia
AGUIRRE, Lucia M. Administración Educativa. Red T. Milleniun. 1ª Ed. 2012.
Gestión y liderazgo
en educación, Centro Lasallista de Formación. Diplomado: Liderazgo en la Institución Educativa
Lasallista. Y en: pesquisa en 09.01.14,
http://www.slideshare.net/omarhrojas/gestion-escolar
LIBÂNEO, José
Carlos. “O sistema de organização e gestão da escola” In: LIBÂNEO, José Carlos.
Organização e Gestão da Escola - teoria e prática. 4ª ed. Goiânia: Alternativa,
2001.
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