segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Modelo de Gestão Educativa

             Modelo de Gestão Educativa

Leni de Souza Barros

Para definirmos um determinado modelo de gestão educativa precisamos, primeiro, ter plenamente esclarecido o que é uma instituição educativa.
A instituição educativa surgiu a partir de uma necessidade do ser humano que, vivendo em sociedade, percebeu-se quão importante eram desenvolver os conhecimentos formais, quanto os conhecimentos informais que são transmitidos pela família, cultura, costumes e o que se obtém através da convivência social. É na instituição educativa que se promove, em grande parte, a investigação, a dialética, os estudos científicos, além de organizar e transmitir os conhecimentos de geração a geração. Sem as instituições educativas o mundo seria mais frio, calculista, com seres mais individualistas, egoístas, solitários, desorganizados e, podendo até, chegar ao caos.
Como instituição educativa, entendo que é um lugar onde fomenta o ensino e a aprendizagem, a busca e a construção do conhecimento, a socialização e interação entre os indivíduos, o desenvolvimento cognitivo, social e psicológico do ser humano, culminando em contribuir para formar uma sociedade mais justa, com cidadãos críticos e pensantes, promovendo a igualdade social, a inclusão, a conscientização e a evolução do ser humano enquanto ser biológico, psicológico, social, apropriando-se cada vez mais das tecnologias à partir das descobertas oriundas da curiosidade e do aprender a fazer.
Na atualidade vemos que é de extrema relevância a manutenção e criação de instituições educativas devido ao grande crescimento populacional, o que exige e impera mais organização, mais conscientização, para vivermos em comunhão na sociedade. Não importa se a instituição educativa é de ordem religiosa, governamental, organização não governamental (ONG) ou privada, todas contribuem para uma evolução de pensamentos e ações que contribuirão para o progresso, compreensão da vida e descobertas de novas tecnologias.
Uma instituição educativa precisa ser administrada não como uma organização comum, pois seu papel é trabalhar com seres humanos, numa transformação contínua de pensares e fazeres que interferem na vida do indivíduo e da sociedade. Assim, o administrador tem que ser também, um gestor, para que não perca o foco da ação educativa e de promoção do conhecimento que se incumbe a instituição.
A seguir, veremos algumas concepções de autores sobre a administração escolar e gestão educativa.
O autor José Carlos Libâneo (2001) concebe a administração escolar de duas maneiras: a primeira, com enfoque científico-racional onde a organização escolar é tomada como uma realidade objetiva, neutra, técnica, que funciona racionalmente, fruto de um positivismo na revolução industrial; portanto, pode ser planejada, organizada, controlada, manipulada, diretiva e excludente. Este é o modelo mais comum onde adotam o organograma, a hierarquia de funções e é visível a centralização das tomadas de decisões. Geralmente, a ordem vem de cima para baixo, e quem está embaixo tem que obedecer.
A segunda maneira com que concebe a administração escolar é aquela que agrega pessoas, ou seja, deixa prevalecer a interação sócio-política. Neste sentido há uma participação ativa de pais, professores, alunos, docentes, discentes e comunidade, numa ação crítica e reflexiva que viabiliza uma gestão democrática na instituição. Portanto, mais humana, exploratória, utilizando de todas as potencialidades e capacidades dos envolvidos na instituição para que todos possam participar ativamente do processo educacional.
Já para Lucia Martínez Aguirre (2012), administração educativa e gestão educativa não são sinônimos. A primeira, tem enfoque financeiro e de serviços, tem como função planificar, desenhar, implementar um sistema eficiente e eficaz para alcançar o objetivo final do ensino-aprendizagem e tem como finalidade responsabilizar-se pelos resultados do sistema. Enquanto o segundo, a gestão educativa, faz prevalecer a união, o gerenciamento participativo, com um único objetivo “a educação”. Para a autora, a administração educativa utiliza um conjunto de recursos orientados para alcançar metas, para concluir tarefas num todo organizacional, metódico e calculista. Neste sentido, verifica-se uma forma burocratizada, objetiva e com foco organizacional o que me parece afastar-se do ponto de vista pedagógico que deve ter uma instituição educativa. No entanto, uma instituição educativa bem administrada tem como potencial um crescimento rápido e sólido devido à seriedade que lhe é empregada. A administração educativa, neste caso, não se envolve nas questões pedagógicas educacionais, mas sim com a contabilidade, consumo, material de subsistência, patrimonial, predial e viabilidade de negócios.
Todavia, não menos importante, é a gestão educativa que compreende a capacidade de administrar, gerir, gerenciar e coordenar pedagogicamente programas, projetos, pessoas (com diferentes ideias, projetos, desejos, expectativas), valorizando o indivíduo, não perdendo de vista o foco ensino-aprendizagem, a missão e a visão institucional. Percebe-se que a gestão educativa abrange todo o funcionamento da instituição e toda a administração dos pólos que mantém o funcionamento global que é uma instituição educativa. Visa a educação, a instituição, o ser humano, as questões financeiras, o patrimônio, mas sempre se levando em conta a participatividade, o companheirismo, a lealdade, a ética, a parceria, a amizade, a função da educação.
Fazendo uma analogia, a instituição educativa é como um corpo humano onde cada órgão necessita de outro para o seu pleno desenvolvimento, onde um não funciona sem o outro. Assim é a instituição educativa, necessita ser administrada (friamente), mas também, gerenciada de forma mais humana e criativa, revendo todas as possibilidades, probabilidades, analisando diariamente suas visões e missões para que todo o grupo possa estar envolvido em seu sucesso. É necessário que o administrador conheça as formas de pensamento e ação de seus subordinados, em decorrência das dimensões culturais que formam a sua personalidade enquanto pessoas e profissionais.
Um bom gestor de uma instituição educativa deve ser alguém que possua características como liderança, coordenação, visão holística, desinibido, estratégico, organização, cultura, criativo, capacidade de relação interpessoal e social, habilidade em administrar seus sentimentos e emoções a favor de seus projetos, ser ético e com consciência moral, prezando pela justiça e visando um bem maior que é o de fazer prevalecer a harmonia e o pleno curso das atividades em andamento na instituição.
Para Lück (2009), ao diretor escolar compete adotar uma orientação voltada para o desempenho das competências desse trabalho. Para ela o primeiro passo é ter uma visão abrangente do seu trabalho e do conjunto de competências necessárias para o pleno desempenho de suas atividades. O profissional da gestão escolar precisa definir uma lista específica de competências para poder avaliar diariamente o seu desempenho, como uma estratégia de automonitoramento e avaliação.
As competências que a autora se refere são de organização que dizem respeito a todas aquelas que tenham por objetivo a qualificação, a delegação, a administração financeira, controle e a retroalimentação do trabalho a ser realizado. Enquanto que as competências de implementação são aquelas desempenhadas com a finalidade de promover, diretamente, mudanças e transformações no contexto escolar e envolvem a gestão democrática e participativa, a gestão de pessoas, a gestão pedagógica, a gestão administrativa, a gestão da cultura escolar e a gestão do cotidiano escolar, com foco direto na promoção da aprendizagem e formação dos alunos, com qualidade social.
De acordo com o Centro Lasallista de Formación (2012) a gestão educativa é dividida em dimensões: dimensão administrativa financeira, organizativa operacional, comunitária, de convivência e dimensão sistêmica. O que demonstra o quanto engloba a especificidade do trabalho do gestor educativo. Há uma visão holística da realidade, ou seja, percebe a realidade como uma totalidade de integração entre o todo e as partes, mas compreendendo diferentemente a dinâmica e os processos dessa integração.
Concluímos que um bom administrador deve ser um bom gestor, assim como o gestor deve ser um bom administrador da instituição educativa, pois as duas funções se integram para que haja um bom desenvolvimento das atividades dentro de uma instituição educativa, visando, principalmente, o ser humano com todas as suas diferenças e qualificações específicas e individualidades que caracterizam o ser como único.
Como doutorandos, concebo está análise de extrema relevância para que nosso futuro seja pautado em ações que privilegiem a ética e a moral, o ser humano, como pessoa, e em sociedade, fazendo da gestão educativa um modo de transformar realidades para um bem comum.

Bibliografia

AGUIRRE, Lucia M. Administración Educativa. Red T. Milleniun. 1ª Ed. 2012.

Gestión y liderazgo en educación, Centro Lasallista de Formación. Diplomado: Liderazgo en la Institución Educativa Lasallista. Y en: pesquisa en 09.01.14, http://www.slideshare.net/omarhrojas/gestion-escolar

LIBÂNEO, José Carlos. “O sistema de organização e gestão da escola” In: LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola - teoria e prática. 4ª ed. Goiânia: Alternativa, 2001.

Lück, Heloísa. Dimensões de gestão escolar e suas competências. Curitiba: Editora Positivo, 2009.

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