segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DOS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM


BIBLIOGRAFIA
PAIN, Sara. Diagnóstico e tratamento
dos problemas de aprendizagem. Trad. De Ana Maria
Netto Machado. Porto Alegre, Artes Médicas, 1985.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DOS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM

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OLIGOFRENIA –
- déficit cognitivo com compromisso orgânico secundário ou genético;
- aparece com um rendimento menos disperso, com um esforço acentuado de acomodação e melhor familiarização;
- modalidades do pensamento oligofrênico: estereotipia, viscosidade, rigidez;
- dependendo do tratamento dado pelos pais, o oligofrênico pode apresentar carência, características psicóticas e de transtornos adicionais na aprendizagem;

OLIGOTIMIA –
- embora apresente eventualmente compromisso neurológico ou metabólico, justifica-se mais por uma disfunção egóica;
- se apresenta com uma tendência marcadamente egocêntrica, com predominância da assimilação, em função do que o vocabulário pode ser muito mais rico e muito mais confuso do que no oligofrênico do mesmo nível;
- apresenta maiores recursos, mas os instrumenta menos ou de maneira pior do que o oligofrênico.

Nem todo déficit da inteligência acarreta um problema de aprendizagem;

Há casos bem compensados nos quais a criança aproveita todas as possibilidades viáveis para ela de acordo com seu QI;

Quando o déficit da inteligência não limita a aprendizagem aparece um rendimento melhor nas provas verbais de acumulação sem organização, sempre dentro dos limites que o QI do sujeito determina;

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CATEGORIAS DOS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM

Debilidade Mental –
- geralmente, QI 75, especialmente as de treinamento;
- frequentemente, de origem genética e, eventualmente, de origem orgânica secundária (seqüelas pós-encefalites, meningo-encefalites, etc.), QI 50;
- essas crianças recorrem sempre aos índices perceptivos;
- nestes casos indica-se um tratamento psicopedagógico clínico cooperativo e centrado no estímulo;

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Rendimento Limítrofe –
- caracterizado por uma considerável dispersão nos resultados;
- QI 80 ou até o percentil 15;
- estruturas cognitivas instáveis e submetidas a regressões bruscas;
- quadro neurológico concomitantes de ansiedade e hipercinesia;

Normal Baixo –
- podem obter um QI igual ao limítrofe (85), mas observa-se uma maior homogeneidade na aplicação das estruturas construídas, que costumam ser sólidas;
- justifica-se por hipo-estimulação ou de personalidade, especialmente no que tange ao vínculo do sujeito com a realidade;
- trata-se de um quadro muito sensível ao tratamento psicopedagógico e de bom prognóstico.

Normal –
- é o que obtém um QI entre 90 e 110;
- um sujeito normal oscila dentro de uma margem de maturidade, mas de acordo com cada oportunidade particular;

Normal Superior –
- é o inteligente. Não há precocidade na aquisição das estruturas;
- o problema de aprendizagem destas crianças surge de uma má inserção escolar e de um predomínio na assimilação;
- geralmente acusam um rendimento verbal inusual, que costuma elevar indevidamente o QI.

Superdotados –
- QI superior a 130;
- quando apresentam problemas de aprendizagem mostram grande precocidade na aquisição de estruturas;
- apresentam carência na necessária acumulação da experiência no estágio anterior;
- há déficit lúdico, ou seja, dificuldade na organização da soma de dados;
- contam com muitas possibilidades, mas com poucos recursos.

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Índices da disposição do sujeito nas relações humanas:

  • Disposto, distraído, atento, interessado, indiferente, apático, etc;
  • Ritmo e gestos que imprime à sua atividade.

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Ações esteriotipadas que podem ocorrer:

*      Rigidez ou flexibilidade do pensamento, isto é, a sua possibilidade de mudar de direção e a disponibilidade de conhecimentos adquiridos;
*      Estereotipia, como tendência a buscar indícios perceptivos desde o exterior a fim de operar, onde a criança se defende da confusão;
*      A viscosidade refere-se a um tipo de pensamento recorrente que por temor a desorganizar-se aferra-se à redundância que o reassegura;
*      A labilidade se apresenta como uma perda de energia ou de vigor que desvitaliza a experiência;

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Psicodiagnóstico:
Primeiro, determinar o estágio em que a criança opera, as estruturas já elaboradas e as que se encontram num período de transição. Depois, analisar a relação entre os instrumentos de que a criança dispõe para interpretar a realidade e as exigências que o ensino lhe impõe, com o objetivo de decidir se suas dificuldades na aprendizagem podem ser justificadas ou não pela disponibilidade inteligente do sujeito. É necessário considerar as compensações e descompensações que aparecem no rendimento em relação com as diferentes modalidades que podem dar-se segundo o conteúdo material e as instruções de cada prova. Como:
Ø  Adequação perceptivo-motriz;
Ø  Têmporo-espacial;
Ø  Causal, por compreensão a partir de estímulos gráficos e verbais;
Ø  Informação;
Ø  Quantificação e automatismo do cálculo;

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TESTES USADOS PARA:
o   Analisar o nível de adequação perceptivo-motriz: Bender, as figuras complexas de Rey, os itens de cópia do círculo-quadrado Losango, a memória de desenhos de Terman, o complemento de desenhos de Thurstone, etc.
o   Têmporo-espacial: no Terman, por exemplo, a do tabuleiro escavado, identificação de formas, repetição de dígitos, dobragem de papel, esquema corporal; no Wechsler, cubos e quebra-cabeças; no Thurstone a prova que mede o fator espacial, etc.; provas de ritmo através das séries de batidas com diferentes intervalos.
o   Causal: é a passagem do estágio egocêntrico para a socialização; compreensão de uma situação dada na realidade ou capacidade de organização na leitura da experiência: nos absurdos gráficos de Terman, aptidão verbal de Thurstone e frases incompletas de Terman.
o   Informação: trata-se do conhecimento ou reserva de experiências sociais: prova de informação de Wechsler, a prova de materiais de Terman e o questionário de Kent, entre outros.
o   Quantificação e automatismo do cálculo: na resolução de problemas do Thurstone e Wechsler, e no Terman em níveis pré-operatórios de recontagem.

As provas psicométricas permitirão elucidar até que ponto a disponibilidade dos processos cognitivos justificam as dificuldades do sujeito na aquisição através da aprendizagem. Servem para a análise dos seguintes protocolos:
- idade mental, quociente intelectual, percentil e escore segundo o baremo aplicado;
- determinação do estádio de estruturação alcançado segundo a teoria genética;
- análise da dispersão: aptidões, áreas compensadas, descompensadas, ou deterioradas;
- modalidades da atividade cognitiva.

O PROBLEMA DA APRENDIZAGEM PODE SURGIR POR:

v  Fatores orgânicos:
- hipoacúsia (não querer ouvir) e a miopia (não querer ver);
- perda sensorial;
- investigação neurológica, pois quando há lesões ou desordens corticais (primárias, genéticas, neonatais ou pós-encefalíticas, traumáticas, etc.) encontramos uma conduta rígida, estereotipada, confusa, viscosa, patente na educação perceptivo-motora (hipercinesias, espasticidade, sincinesias, etc.), ou na compreensão (apraxias, afasias, certas dislexias);
- deficiências glandulares podem causar estados de hipomnésia, falta de concentração, sonolência e “lacunas”. Algumas auto-intoxicações por mau funcionamento renal ou hepático apresentam conseqüências parecidas;
- déficit alimentar;
- condições de abrigo e conforto para o sono.
      
v  Fatores específicos:
- transtorno na área da adequação perceptivo-motora
- aparecem na aprendizagem da linguagem, sua articulação e sua lecto-escrita, alteração da seqüência percebida, impossibilidade de construir imagens claras de fonemas, sílabas e palavras, inaptidão gráfica, etc.
- indeterminação da lateralidade do sujeito;
- dislexia: dificuldade para aprender a ler e/ou escrever; dificuldade na acomodação que determina uma insuficiência para a construção de imagens.

v  Fatores psicógenos:
- inibição e defesa;
- neurose (reação neurótica à interdição da satisfação);
- fobias;
- angústia;
- negação;
- compulsividade na repetição do erro.

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DISORTOGRAFIA – é uma coordenação fonomotriz, isto é, esforço de acomodação capaz de internalizar como imagem, os gestos que compõem a grafia de cada palavra.

v  FATORES AMBIENTAIS:

- esta variável pesa sobre a possibilidade do sujeito compensar ou descompensar o quadro;
- refere-se ao meio ambiente material do sujeito, às possibilidades reais que o meio lhe fornece, à quantidade, à qualidade, freqüência e abundância dos estímulos que constituem seu campo de aprendizagem habitual;

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DIAGNÓSTICO DO PROBLEMA DE APRENDIZAGEM:

1        - Motivo da consulta:
? Significação do sintoma na família ou, com maior precisão, articulação funcional do problema de aprendizagem;
? Significação do sintoma para a família, isto é, as reações comportamentais de seus membros ao assumir a presença do problema;
? Fantasias de enfermidade e cura e expectativas acerca de sua intervenção no processo diagnóstico e de tratamento;
? Modalidades de comunicação do casal e função do terceiro.

2        – História Vital:
? Antecedentes natais:
- pré-natais
- perinatais
- neonatais
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? Doenças:
- doenças e traumatismos ligados diretamente à atividade nervosa superior. Estados que denotam perda de consciência, sonambulismo, espasmos ou convulsões, terrores noturnos, distrações descritas como “lacunas”;
- destacar, quando houve a doenças, o tempo de reclusão a que a criança foi obrigada, ou quão doloroso foi o processo;
- processos psicossomáticos como eczemas, bronquite asmática, vômitos, diarréias e cefaléias;
- verificar a disponibilidade física como destreza, habilidade manual, disposição para o esporte, o peso e a estatura em relação com a idade, a fatigabilidade e todas as possibilidades e limitações relacionadas com o corporal, especialmente as associadas aos órgãos dos sentidos.

? Desenvolvimento:
- motor
- da linguagem
- de hábitos

? Aprendizagem:
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A)  modalidade do processo assimilativo-acomodativo:
¨      Hipoassimiliação – os esquemas de objeto permanecem empobrecidos, bem como a capacidade de coordená-los. Isto resulta num déficit lúdico, e na disfunção do papel antecipatório da imaginação criadora;
¨      Hiperassimilação – pode dar-se uma internalização prematura dos esquemas com um predomínio lúdico, que ao invés de permitir a antecipação de transformações possíveis, desrealiza negativamente o pensamento da criança;
¨      Hipoacomodação – aparece quando o ritmo da criança não foi respeitado, nem sua necessidade de repetição, isto atrasa a internalização de imagens. Assim, podem aparecer problemas na aquisição da linguagem, quando os estímulos são confusos e fugazes;
¨      Hiperacomodação – acontece quando houve superestimulação da imitação. A criança pode cumprir as instruções atuais mas não dispõe de suas expectativas nem de sua experiência prévia com facilidade.

B) Situações dolorosas:
            - mudanças de casa ou de escola;
            - verificar sentimentos de perda.

C) Informação:
             - assuntos que são falados com a criança;
            - recepção que a cç encontra para o seu discurso.

D) Escolaridade:
            - histórico escolar comportamental.

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3        – Hora do jogo: quatro aspectos fundamentais da aprendizagem:
- distância de objeto, capacidade de inventário;
- função simbiótica, adequação significante-significado;
- organização, construção da seqüência;
- integração, esquema de assimilação.

4        – Provas psicométricas
5        – Provas Projetivas
- desenho da figura humana
- relatos
- desiderativo (solicita-se ao sujeito que escolha e rejeite em três níveis da realidade, imaginar-se transformando num elemento que ele escolhe – elementos vegetais, animais e objetos).pág. 63
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            Interessam os seguintes aspectos derivados das provas projetivas:
- recursos simbólicos para a representação;
- modalidade do inventário, organização e integração na fantasia;
- perturbações da identidade e a negação.

6        – Provas específicas
§      De lateralidade
§      De lecto-escrita: determinar que tipo de dificuldade é a que predomina no fracasso da criança na aquisição da escrita e da leitura.

7        – Análise do ambiente:
ª  Condições sócio-econômicas;
ª  Aproveitamento de recursos;
ª  Ideologia.

DIAGNÓSTICO E ORIENTAÇÃO TERAPÊUTICA       pág.69

*      Hipótese diagnóstica;
*      Devolução diagnóstica;
*      Tratamento e contrato

O tratamento psicopedagógico adquire sentido na ação institucional. Isto permite uma rápida orientação destinada aos pais, seja para seu ingresso num grupo, seja para uma terapia familiar ou de casal; garante um bom controle do aspecto orgânico e neurológico; oferece a possibilidade de diálogo quando o paciente recebe mais de uma atenção e assegura a complementação integrada de outras técnicas pedagógicas, sejam elas expressivas, ocupacionais, etc. permite especialmente consolidar uma boa equipe de trabalho onde se verifica a teoria e as técnicas sobre a base de um intercâmbio de experiências, onde possa haver especializações quanto à programação e informação, onde possa confeccionar-se material comum de estimulação e por fim onde possam aprender a adquirir prática novos profissionais. Pág.75

2 comentários:

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