sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

A Evolução do Autoconceito na Adolescência

             Evolução do autoconceito durante a adolescência
                         Adolescência precoce (11-14 anos)

Estrutura, organização
Primeiras abstrações que integram características relacionadas; abstrações compartimentalizadas de forma que não se detectam nem integram as incompatibilidades.
Conteúdos destacados
Características ou habilidades sociais que influem sobre as relações com os demais ou determinam a imagem que os demais têm do sujeito. Características referentes ao atrativo físico.
             Exemplos
“Sou tímido; me envergonho diante dos adultos, mas também diante de meus companheiros”. “Em minha casa me acontecem muitas coisas divertidas, mas com meus amigos não.”

                             Adolescência média (15-17 anos)

Estrutura, organização
Primeiras conexões entre as abstrações e entre traços opostos; confusão diante da existência de características contraditórias.
Conteúdos destacados
Diferenciação de atributos em função de situações e papéis diferentes.
            Exemplos
“Sou muito inteligente para algumas coisas e tonto para outras”. “Não entendo como me dou tão bem com meus companheiros e tão mal com meus irmãos”.

                             Adolescência tardia (18-21 anos)

Estrutura, organização
Abstrações de ordem superior que integram abstrações mais elementares e que resolvem as contradições.
Conteúdos destacados
Características e atributos relacionados com os papéis que se desempenham; os atributos se referem a valores e crenças pessoais, assim como a convicções morais.
                Exemplos
“Sou uma menina flexível: séria e formal para trabalhar, porém brincalhona para me divertir”. “Muitas coisas me interessam, porém sou um pouco indeciso”.


COLL, MARCHESI, PALACIOS & COLS. Desenvolvimento Psicológico e Educação. 2. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.

p.336

O Desenvolvimento Moral

As causas do desenvolvimento moral segundo as diferentes teorias evolutivas

Nenhuma das grandes teorias evolutivas desenvolvidas durante o século XX deixaram de se perguntar por que e como as pessoas desenvolvem uma consciência moral. De maneira bem esquemática, estas foram suas respostas:

Psicanálise

As crianças pequenas são amorais: não têm inibições e o seu id está orientado para a obtenção do prazer. Por processos que foram explicados no Capítulo 1, logo aparece o ego como instância encarregada de canalizar os desejos de forma socialmente aceitável ou de adiar sua satisfação. Entre os três e seis anos, desenvolve-se o superego, consciência moral interiorizada uma vez aceita a primazia do princípio de realidade sobre o princípio do prazer.

Teorias da Aprendizagem

Também, neste caso, o desenvolvimento da consciência e o comportamento moral são explicados como um processo de interiorização, embora os mecanismos envolvidos sejam sensivelmente diferentes aos da psicanálise. A ênfase aqui está, por um lado, nos processos de condicionamento e de aprendizagem via reforço de condutas e normas, por outro, na aprendizagem que se realiza por meio da observação de modelos, principalmente daqueles que a criança percebe como dotada de autoridade e prestígio.

Teoria Piagetiana

Em vez de explicar o desenvolvimento moral como um processo de fora para dentro, como as duas teorias anteriores, a explicação piagetiana o entende mais como um processo de dentro para fora. Neste caso, o desenvolvimento do raciocínio moral é um derivado do desenvolvimento do pensamento lógico, não sendo observadas mudanças importantes na forma de raciocinar moralmente enquanto não se produzir avanços no raciocínio lógico mais geral. Autores que, como Kohlberg, desenvolveram as proposições piagetianas iniciais compartilham o postulado básico de que o desenvolvimento cognitivo, assim como a crença na universalidade da sequência de estágios proposta.

Teoria Vygotskyana

Como todos os processos psicológicos superiores, o raciocínio moral está mediado por instrumentos simbólicos, como a linguagem e as formas de discurso. Como consequência da comunicação social e do diálogo com aqueles que os rodeiam, as crianças vão sendo capazes de um diálogo moral interno que não é senão a transposição intrapsicológica das conversações e dos diálogos mantidos com outros. Por isso, o desenvolvimento moral é entendido aqui como uma construção sociocultural (e, portanto, referente ao contexto em que se origina) e não como um processo de construção individual elaborado em relação ao desenvolvimento cognitivo.


COLL, MARCHESI, PALACIOS & COLS. Desenvolvimento Psicológico e Educação. 2. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
p.207