Educação e Relações Interpessoais
(por Dante Moreira Leite)
John Dewey (1902) e Hebert Read (1958) – teoria para compreender como a
educação moderna procura reintegrar a criança no mundo da ação direta e da
atividade motora (p.236).
K. Horney (1959, p.74) – “Há, em nossa cultura, quatro meios principais
pelos quais a pessoa procura proteger-se contra a ansiedade básica: afeição,
submissão, poder e retraimento”.
Há dois problemas para serem analisados: (p.237)
a) a educação
como processo de formação, através de relações interpessoais; aqui, procuramos entender a importância das
relações interpessoais satisfatórias para a educação individual;
b) a educação
como processo de preparação para relações interpessoais. Aqui, procuramos explicitar as relações interpessoais a fim de que o
educando possa estar preparado para enfrenta-las satisfatoriamente.
“As grandes dificuldades de ajustamento se explicam como resultado de um
despreparo para viver com os outros”. (p.237)
A psicologia clássica tinha a ideia
de que conhecemos os outros através de nós mesmos. Essa teoria foi criticada
por:
Koffka (1935);
Kohler (1947);
Ryle (1949).
O filósofo J. P. Sartre disse: “o outro guarda um segredo: o segredo do
que eu sou”. Seria possível dizer exatamente o oposto com a mesma probabilidade
de acerto. (p.238)
Para Merleau-Ponty (1945) “a existência do outro é uma dificuldade e um
choque para o pensamento objetivo”. (p.238)
O processo de interação, segundo Freud, é o de:
- introjeção
- a pessoa interioriza a imagem dos pais – ou dos adultos que desempenham
os seus papéis – e essa imagem passa a constituir uma parte de sua
personalidade (Superego);
- projeção
– o indivíduo lança, nos outros, as características indesejáveis que é
incapaz de perceber em si mesmo.
Como percebemos o nosso “eu psicológico”: percebemos o nosso
envelhecimento físico através do envelhecimento dos outros, quando somos
promovidos de moça para senhora ou de moço para senhor, etc. (p.238)
Para Heidegger “os outros significativos não se confundem com a
totalidade dos que existem fora de mim, e na qual se destaca o eu; os outros
são aqueles dos quais a pessoa não se distingue, entre os quais é também
alguém”.
“mesmo as fantasias menos confessáveis exigem a suposta participação dos
outros; sem estes, de nada valeria a glória tantas vezes alcançada na solidão
do devaneio”. (p.241)
Dante Moreira Leite relata que “poucos alunos conseguem ser percebidos,
ou poucos conseguem identificar-se através do professor: deste não recebem, de
volta, a própria imagem, a fim de que possam saber quem e como são”. Os
professores deveriam manter uma postura de neutralidade perante os alunos, sem
manifestar preferências ou antipatias.
Constituem processos de interação:
Simpatia, antipatia (para Freud a antipatia demasiadamente violenta pode
esconder a admiração por qualidades percebidas, e ser o início de amizade e de
amor; o amor muito intenso pode esconder um germe de destruição e ódio), a
amizade, o amor,
Contribuição da investigação psicológica:
- verificar quais as formas mais produtivas de avaliação;
- quais as capazes de obter maior rendimento;
- estimular a reeducação dos professores cuja conduta seja prejudicial
ao desenvolvimento dos educandos;
- reeducação da maneira de perceber (até os outros);
- ajudar os professores a perceber mais qualidades positivas nos alunos
a fim de provocar o seu desenvolvimento;
- verificar as consequencias do sistema de valores da sociedade para a
formação da personalidade;
- buscar uma explicação psicológica para o triunfo ou o fracasso;
Buber (1956) diz que a dinâmica, entre o que somos e o que pretendemos
ser, permite o aparecimento de uma potencialidade superposta à realidade e
estabelece objetivos futuros que procuramos alcançar.
Bibliografia:
PATTO, Maria Helena Souza.
Introdução
à Psicologia Escolar.